Com apenas
12 anos, D. já tem as mãos queimadas pelo fogo que usa para acender o
cachimbo do crack. Os olhos vermelhos e os dentes escurecidos indicam um
uso contínuo da droga. “Ô tio, só fumo quando tô com fome”, responde o
menino, que afirma ser vítima de espancamentos da avó depois que os pais
foram assassinados por traficantes de Plataforma, no Subúrbio.A
aparência fragilizada do menino, que diz não saber ler nem escrever,
entrega o consumo da droga. “Apanho muito. Fico na rua o dia todo. Moro
aqui faz tempo”, conta o garoto, que passa os dias perambulando pelo
Centro Histórico de Salvador em busca de trocados que completem o valor
de uma pedra: R$ 5. Na hora de fumar, até os banheiros químicos viram
abrigo. Assim como D., as crianças e adolescentes em situação de rua em
Salvador têm no crack um refúgio. O secretário municipal de Promoção
Social e Combate à Pobreza, Maurício Trindade, afirma que pelo menos 50%
deles usam a droga, de acordo com mapeamento feito pela secretaria.
De
acordo com estudos do coordenador do Centro de Defesa da Criança e do
Adolescente Yves de Roussan (Cedeca-Bahia), Waldemar Oliveira, o
percentual de menores consumindo crack nas ruas de Salvador é maior. “Acredito
que 90% das crianças que estão na rua são usuárias. Antes, eles
cheiravam cola de sapateiro. Hoje usam crack porque é mais fácil e
barata”. Segundo Oliveira, as crianças são alvos fáceis para o tráfico.
“O crack forma verdadeiros zumbis, debilitados e destruídos. Isso nas
crianças tem um peso muito maior. O crack nas crianças é uma chaga
aberta no coração da cidade. Precisamos tratar da forma adequada”,
destaca. Leia mais no Correio.
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