Um
babalorixá acusa a Polícia Militar de uma abordagem truculenta no dia 2
de abril em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, por
não dar passagem a uma viatura da PM. Em carta aberta, o babalorixá
Anderson Argolo, conhecido como pai Anderson de Oxalá, conta o episódio e
diz que a ação atingiu o "equilíbrio emocional" de sua casa. Ele é
líder do terreiro Obatalandê.
O
caso aconteceu na manhã da terça-feira (2) em um estacionamento de um
supermercado quando, segundo o babalorixá, ele saia com um veículo
depois de pedir passagem. "Um dos carros que vinha na via me deu
passagem, mas atrás deste mesmo veiculo vinha uma viatura da PM, que ao
perceber a manobra, começou a buzinar de forma excessiva", diz a carta.
Segundo ele, como já estava com metade do carro fora do estacionamento,
ele continuou rumo a outro mercado.
No
outro mercado, cerca de 50 metros do primeiro, o babalorixá diz que
percebeu que estava sendo seguido pela viatura da PM, quando foi então
abordado. O babalorixá conta que os policiais o abordaram com armas em
punho e aos gritos, quando então um deles o pressionou para se abaixar,
inclinando seu corpo. Anderson disse ao PM que tinha passado por uma
cirurgia na semana anterior e sofre de problemas renais, pedindo
cuidado, quando então o policial o pegou pelo pescoço e esfregou o rosto
no capô do veículo, mandando que ele só falasse diante de alguma
pergunta.
O babalorixá
estava acompanhando de dois filhos de santo, Alison e Ricardo, que
também foram tratados de maneira desrespeitosa, segundo a denúncia. Os
PMs ironizaram quando eles se disseram trabalhadores, ainda que
desempregados, e perguntaram qual o vulgo dos dois. O babalorixá disse
que eles não tinham vulgos, e sim nomes, e segundo ele nesse momento um
terceiro PM encostou uma arma em seu rosto e mandou que ele parasse de
falar, pois tinha desacatado um policial.
"Não
tenho palavras para descrever o que senti e o que estou sentindo nesse
momento. Nunca passei por tamanho constrangimento. Vi nos olhos das
pessoas simples, dos comerciantes que me conheciam a revolta e o medo
para com aqueles que em tese, estão ali para nos defender", diz o texto
da carta, divulgado pelo Facebook.
O
caso foi citado nesta segunda-feira (8) na Câmara dos Vereadores pelo
vereador Luiz Carlos Suíca (PT), que repudiou as agressões e informou
que enviou um ofício exigindo apuração e esclarecimentos para o
comandante-geral da PM, coronel Alfredo Castro, e ao secretário estadual
de Segurança Pública, Maurício Barbosa.
Matéria original: Correio 24h
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