terça-feira, 9 de abril de 2013

Babalorixá acusa PM de agressão em abordagem em Lauro de Freitas

Um babalorixá acusa a Polícia Militar de uma abordagem truculenta no dia 2 de abril em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, por não dar passagem a uma viatura da PM. Em carta aberta, o babalorixá Anderson Argolo, conhecido como pai Anderson de Oxalá, conta o episódio e diz que a ação atingiu o "equilíbrio emocional" de sua casa.  Ele é líder do terreiro Obatalandê.
O caso aconteceu na manhã da terça-feira (2) em um estacionamento de um supermercado quando, segundo o babalorixá, ele saia com um veículo depois de pedir passagem. "Um dos carros que vinha na via me deu passagem, mas atrás deste mesmo veiculo vinha uma viatura da PM, que ao perceber a manobra, começou a buzinar de forma excessiva", diz a carta. Segundo ele, como já estava com metade do carro fora do estacionamento, ele continuou rumo a outro mercado.
No outro mercado, cerca de 50 metros do primeiro, o babalorixá diz que percebeu que estava sendo seguido pela viatura da PM, quando foi então abordado. O babalorixá conta que os policiais o abordaram com armas em punho e aos gritos, quando então um deles o pressionou para se abaixar, inclinando seu corpo. Anderson disse ao PM que tinha passado por uma cirurgia na semana anterior e sofre de problemas renais, pedindo cuidado, quando então o policial o pegou pelo pescoço e esfregou o rosto no capô do veículo, mandando que ele só falasse diante de alguma pergunta.
O babalorixá estava acompanhando de dois filhos de santo, Alison e Ricardo, que também foram tratados de maneira desrespeitosa, segundo a denúncia. Os PMs ironizaram quando eles se disseram trabalhadores, ainda que desempregados, e perguntaram qual o vulgo dos dois. O babalorixá disse que eles não tinham vulgos, e sim nomes, e segundo ele nesse momento um terceiro PM encostou uma arma em seu rosto e mandou que ele parasse de falar, pois tinha desacatado um policial.
"Não tenho palavras para descrever o que senti e o que estou sentindo nesse momento. Nunca passei por tamanho constrangimento. Vi nos olhos das pessoas simples, dos comerciantes que me conheciam a revolta e o medo para com aqueles que em tese, estão ali para nos defender", diz o texto da carta, divulgado pelo Facebook.
O caso foi citado nesta segunda-feira (8) na Câmara dos Vereadores pelo vereador Luiz Carlos Suíca (PT), que repudiou as agressões e informou que enviou um ofício exigindo apuração e esclarecimentos para o comandante-geral da PM, coronel Alfredo Castro, e ao secretário estadual de Segurança Pública, Maurício Barbosa.
Procurada, a Polícia Militar disse que o caso já está sendo apurado desde o dia 2, quando o babalorixá foi recebido pelo comandante da 81ª Companhia Independente de Policia Militar, de onde são os policiais acusados, e deu suas declarações. Uma sindicância sobre o caso foi instaurada.

Matéria original: Correio 24h




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